Pintar a Luz, Viver a Cor

  01 abr. 2023 | 16:00 - 18 jun. 2023 | 17:30
  Casa-Museu Teixeira Lopes/Galerias Diogo de Macedo


Exposição

 

Numa iniciativa do Município de Gaia, com o apoio da Fundação Manuel Cargaleiro, cerca de sessenta obras foram criteriosamente selecionadas para integrar uma exposição única e absolutamente representativa da obra a óleo de Manuel Cargaleiro, que contou com a generosidade de colecionadores particulares na cedência temporária de quadros, alguns deles nunca exibidos ao grande público. Em «Pintar a Luz, Viver a Cor» percebe-se como o carácter radioso do Mestre Cargaleiro se mescla na paleta, para ocupar naturalmente o tempo e o espaço de uma tela, dando a conhecer uma realidade não visível, através de uma linguagem verdadeiramente singular e irresistivelmente sedutora.

Depois de Paula Rego, Vieira da Silva e Amadeo de Sousa Cardoso, ou ainda, de Cruzeiro Seixas ou Armanda Passos, entre outros, a Casa-Museu Teixeira Lopes/Galerias Diogo de Macedo acolhe a obra de Manuel Cargaleiro, dando a conhecer à comunidade a obra de outro grande nome das artes e da cultura nacionais.

Manuel Cargaleiro nasceu a 16 de março de 1927, em Chão das Servas, Vila Velha de Rodão, no distrito de Castelo Branco. Em 1940, ingressou na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa. Começou por se dedicar à cerâmica, obtendo reconhecimento nacional e internacional, nomeadamente em França e em Itália. A pintura surgiu naturalmente na carreira de Cargaleiro, não sendo dissociável da Cerâmica. Em ambas as linguagens, Cargaleiro deixa bem patente o caráter radioso que o caracteriza. Entre muitas outras distinções, é Comendador da Ordem Militar de Sant´Iago da Espada, recebeu a Grã-Cruz da Ordem de Mérito, a Grã-Cruz do Infante D. Henrique e a Grã-Cruz da Ordem de Camões.

"Pintar a Luz, Viver a Cor é uma exposição que reúne cerca de 60 obras, todas elas pintadas a óleo e que foram criteriosamente seleccionadas, procurando percorrer as principais etapas pictóricas do seu trajecto.
Ainda que não hajam, no seu percurso e de forma vincada, períodos estanques representativos de um estilo particular na sua pintura, há ainda assim, algumas fases com características mais singulares.
Os inícios da década de 60 revelam composições de pequena dimensão, muito inspirados no mundo vegetal, com "fundos" tendencialmente monocromáticos onde depois se inscrevem formas muito gestuais, com forte dinamismo e movimento.
Os finais dos anos 60, são vincadamente marcados pela "fase das formas" e pelo assumir indelével da matriz geométrica, enquanto recurso estético recorrente em toda a obra do Mestre.
Os inícios dos anos 70 apresentam um "virar" significativo nos temas e nas formas utilizadas. Começa a aparecer a verticalidade na sua pintura e a simbiose entre a natureza e a urbanidade. Nesta fase, as suas telas têm muito pouca matéria, a "malha" é grande, a preocupação com a luz domina claramente o espaço e o "jogo" dissimulado de planos cria uma profundidade sublime em cada uma das suas obras.
Representadas nesta exposição estão seis belíssimas peças desse emblemático período, sendo que cinco delas figuraram na importante exposição que decorreu na Fundação Calouste Gulbenkian em Paris.
Os finais dos anos 70 correspondem a uma evolução na abordagem estética iniciada uns anos antes, incorporando desta vez mais risco na composição, maior dinamismo cromático e maior minúcia na representação da mensagem.
O início dos anos 80 é marcado pelas famosas e muito aclamadas "catedrais". Assim ficaram conhecidas estas composições pelo meticuloso rigor do seu trabalho e pelo contraste evidente da luminosidade que deixa transparecer harmoniosas estruturas orgânicas, fazendo lembrar pináculos apontados ao céu. Pelo que representam do virtuosismo do seu criador e pelo apelo sensorial que produzem a quem nelas se detém, não será de estranhar que estas obras sejam das mais apreciadas pelos coleccionadores e pelo grande público em geral.
No decurso da década de 80, referência ainda para a série "Gesto no Tempo" (com exposição importante ocorrida na Galeria São Mamede).
A segunda metade dos anos 80 decorre na continuidade do "discurso" anterior. Muita luz! Grandes corredores azuis... preocupação constante com o equilíbrio na composição e com a harmonia dos contrastes (cidades, vilas, campos e flores...).
Parecendo impossível, conhecendo todo o seu percurso até então, o que é facto é que quase 40 anos depois do início, nos anos 90, é ainda visível a inquietude do Mestre e o desafio constante em introduzir novos elementos no seu trabalho e na sua expressão artística.
Nas telas dessa época não há limites ao desenrolar da cor. A paleta ganha ainda mais brilho e coragem e deixa-se seduzir ao encanto, na procura de expressar a alma dos campos e das cidades. É uma alegria pela vida que nos liga à essência.
Nos anos 2000 dá-se a síntese e a fusão de todo este enredo. Revisitam-se temas e lugares e as telas ganham mais matéria. As camadas de óleo ganham espessura e densidade.”
Nuno Cardoso - Curador

Até 18 de junho, de terça-feira a domingo, da 9h00 às 12h30 (última entrada às 12h10), e das 14h00 às 17h30 (última entrada às 17h10), na Casa-Museu Teixeira Lopes/Galerias Diogo de Macedo, em Vila Nova de Gaia.
A entrada é gratuita.

Mais informações através do e-mail gaiacultura@cm-gaia.pt .

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